Na última quinta-feira (15), o Caps AD de Ceilândia mostrou que talento e expressão vão muito além do tratamento clínico. O Show de Talentos reuniu apresentações que foram do gospel ao funk, passando por rap, rock, dança, poesia, artesanato e pintura uma verdadeira celebração da diversidade artística e da potência dos pacientes.
Mais do que um espetáculo, o evento foi uma continuidade do cuidado em saúde mental, desta vez mediado pela arte. A iniciativa fortaleceu a autoestima, estimulou o convívio social e ofereceu aos participantes uma oportunidade de protagonismo. A ação integra a programação da Semana da Luta Antimanicomial, movimento que reforça o cuidado em liberdade e a importância de uma abordagem humanizada no tratamento de pessoas com transtornos mentais.
Maria José Santana, de 48 anos, é um exemplo disso. Em tratamento há oito meses, ela encontrou na dança um novo sentido para a vida. “Dançar me devolveu a vontade de viver. Hoje, tenho minha família perto de mim e isso é tudo”, enfatiza.
Francisco Adriano da Silva, 45, usuário do Caps Candango há mais de dez anos, também fez questão de participar. “Esse momento é essencial para me sentir parte da comunidade, sentir que faço parte de algo maior,” disse ele, logo após levantar o público com sua versão de “Mama África”, de Chico César.
A apresentação de Eliomar Ribeiro também emocionou o público com a canção internacional “Wish You Were Here”, do Pink Floyd. Ele contou a história por trás da música. “Ela foi dedicada a um ex-integrante da banda, afastado por conta do vício. O que o vício tira, muitas vezes, é a convivência”, explicou.
Para Suelem Coimbra, gerente do Caps AD de Ceilândia, dar voz aos pacientes é essencial no processo terapêutico. “Queremos que eles se expressem, se fortaleçam e recuperem seus vínculos familiares e sociais.”
Com uma equipe multiprofissional formada por mais de 50 servidores e atendendo mais de 400 pacientes, o Caps AD de Ceilândia é uma das sete unidades do Distrito Federal que oferecem tratamento especializado, gratuito e humanizado a pessoas com transtornos relacionados ao uso de álcool e outras drogas.
No palco e na vida, cada apresentação é também um passo rumo ao cuidado, à dignidade e à reinvenção.