Ponte JK passa por primeira grande reforma estrutural desde sua inauguração

Primeira grande reforma estrutural da ponte inclui troca das juntas de dilatação; obras acontecem à noite para minimizar impacto no trânsito e garantir segurança dos motoristas.

Por mais de duas décadas, a Ponte Juscelino Kubitschek — ou simplesmente Ponte JK — foi palco de milhares de travessias, fotos e memórias. Agora, pela primeira vez desde sua inauguração, em 2002, o Governo do Distrito Federal inicia uma reforma estrutural completa na ponte, começando pela substituição das juntas de dilatação, peças fundamentais para o bom funcionamento da estrutura.

As obras começaram na noite de quinta-feira (15) e serão realizadas sempre no período noturno, entre 21h e 4h da manhã, para reduzir o impacto no trânsito intenso da região. A previsão é de que sejam substituídas de duas a três juntas por noite, considerando a complexidade da operação. O investimento nesta etapa é superior a R$ 600 mil, com recursos do Tesouro local (Fonte 100). A execução está a cargo de empresa especializada, contratada pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap).

Obras noturnas na Ponte JK começaram na quinta (15)

“As juntas de dilatação são essenciais para permitir que a ponte se movimente naturalmente com as variações de temperatura, umidade e até com o próprio assentamento do solo. Elas evitam que trincas e rachaduras se formem na estrutura”, explica Carlos Spies, diretor de Planejamento e Projetos da Novacap.

Tecnologia internacional e mais conforto na travessia

As novas peças foram fabricadas no exterior e têm vida útil estimada em até 10 anos. São confeccionadas com uma borracha de alta resistência, feita especialmente para absorver a movimentação da estrutura sem comprometer sua integridade.

“Essas juntas têm desempenho superior às antigas, são mais silenciosas, absorvem melhor o impacto dos veículos e ainda nivelam a pista, eliminando aquele ressalto que incomodava motoristas e motociclistas”, detalha Spies.

Novas juntas importadas garantem até 10 anos de durabilidade na Ponte JK Novas juntas importadas garantem até 10 anos de durabilidade na Ponte JK.

O processo de substituição exige precisão: os operários precisam remover manualmente as peças antigas, aplicar um produto químico para soltar as mantas, preparar o espaço e instalar os novos componentes com parafusamento técnico. É um serviço que, apesar de invisível aos olhos da maioria, tem efeito direto no conforto e na segurança dos usuários.

Próximas etapas e licitação em andamento

A primeira fase da reforma foca exclusivamente nas juntas de dilatação. A segunda etapa que já está em fase de readequação de edital e orçamento vai abranger as mutações do tabuleiro, dos estais (cabos de sustentação) e dos caixotões que dão sustentação à ponte.

“A ponte está segura, em boas condições de uso. Mas chegou a hora de fazer uma manutenção mais ampla e preventiva, justamente para manter essa segurança. Estamos tratando de um dos patrimônios estruturais mais importantes de Brasília”, afirma o diretor da Novacap.

Na sequência, virão as fases estéticas e funcionais: pintura dos arcos metálicos, ampliação da iluminação e troca do asfalto.

Vale lembrar que, em 2020, já havia sido realizada uma intervenção parcial, com a troca emergencial de algumas juntas. No entanto, os técnicos constataram que seria necessário substituir todas as peças para garantir estabilidade e evitar novos desgastes.

“Percebemos que não bastava trocar só as que estavam visivelmente danificadas. Precisávamos resolver o problema por completo. Por isso, propusemos um novo contrato para ampliar o escopo da reforma”, relembra Spies.

Interdições controladas e apoio do Detran

Para garantir a segurança no trânsito durante as obras, o Departamento de Trânsito do DF (Detran) fará a coordenação do fluxo de veículos nas áreas interditadas. A primeira etapa atinge as faixas direita e central no sentido Jardim Botânico – Plano Piloto. Já a segunda atinge a faixa esquerda e a central, no mesmo sentido.

Durante os trabalhos, haverá reforço na sinalização, iluminação e apoio operacional para evitar retenções e orientar os motoristas. Como a ponte tem três faixas em cada sentido, a estratégia é manter ao menos uma faixa liberada sempre que possível.

Estrutura monumental

Com cerca de 1,2 mil metros de extensão e 24 metros de largura, a Ponte JK liga o Plano Piloto a regiões como Lago Sul, Jardim Botânico e Paranoá. Além das três pistas em cada direção, há espaços reservados para pedestres e ciclistas. Os três arcos assimétricos da ponte, com 240 metros cada, tornaram-se símbolo da arquitetura moderna da capital e ponto turístico obrigatório.

Diariamente, passam por ali cerca de 68 mil veículos, entre carros, motos, ônibus e bicicletas. A obra foi projetada pelo arquiteto Alexandre Chan, vencedor de diversos prêmios nacionais e internacionais.

Segurança em primeiro lugar: a voz de quem passa

Entre os usuários frequentes da ponte, o sentimento é de alívio com a reforma. O entregador João Evangelista, 40 anos, morador de São Sebastião, relata a dificuldade que as juntas antigas causavam para motociclistas. “Às vezes, passava por cima e sentia a roda da moto afundar, parecia que ia perder o controle. Esse espaço entre as placas é perigoso, ainda mais pra gente que tá ali no dia a dia. Agora, com essa troca, vai melhorar muito. É segurança pra todo mundo”, comemora.

Já o estudante David Spurgeon, 24, afirma que o investimento é essencial para preservar um dos principais acessos da cidade. “É uma ponte linda, mas que precisa de manutenção como qualquer estrutura. É isso que garante que continue sendo usada por muitos anos com segurança”, disse o estudante.

O também estudante Rafael Franco, 17, vê a obra como uma forma de valorização do próprio símbolo da capital.“É um dos lugares mais bonitos de Brasília. A ponte não serve só pro trânsito, ela representa a cidade. Todo mundo que vem pra cá quer tirar foto nela. Tem que estar bem cuidada”, enfatiza Rafael.

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