No Distrito Federal, a maternidade é para muitas mulheres uma jornada solitária e desafiadora. Mais de 263 mil famílias monoparentais chefiadas por mulheres estão hoje cadastradas no CadÚnico — um número que revela mais do que uma estatística: escancara uma realidade marcada pela sobrecarga, escassez de oportunidades e luta diária por dignidade.
Entre essas famílias, 85,3 mil têm crianças com até seis anos, o que intensifica ainda mais as demandas sobre essas mães, que são, ao mesmo tempo provedoras, cuidadoras e gestoras do lar. Sem rede de apoio, sem a presença do pai e, muitas vezes, com acesso limitado a serviços básicos elas tornaram-se o principal foco das políticas de assistência do Governo do Distrito Federal.
Programas como o DF Social, o Cartão Gás e o Prato Cheio foram desenhados ou reestruturados com atenção especial a esse grupo. Juntos, formam uma rede de proteção essencial para garantir o mínimo de segurança alimentar e autonomia financeira a essas mulheres.
“O que o governo busca é garantir que essas mães tenham condições reais de cuidar dos filhos com dignidade. Isso passa por oferecer apoio direto e desburocratizado”, afirma a secretária de Desenvolvimento Social do DF, Ana Paula Marra.
Atualmente, 32,7 mil mães solo estão entre os 70 mil beneficiários do DF Social, que transfere R$ 100 mensais às famílias em situação de vulnerabilidade. Já no Cartão Gás, que repassa R$ 100 a cada dois meses para compra do botijão de cozinha, 30,8 mil mulheres se enquadram como chefes de família. O programa Cartão Prato Cheio, que fornece parcelas de R$ 250 para alimentação, atende 20,6 mil mulheres com filhos na primeira infância.
Esses benefícios não atuam de forma isolada. São pensados para se complementar a outros programas, como os 18 restaurantes comunitários, que oferecem refeições a R$ 2 e somam mais de 1,4 milhão de pratos servidos por mês. A política de segurança alimentar também inclui a distribuição de kits de maternidade por meio do Bolsa Maternidade, que entregou quase cinco vezes mais mochilas nos últimos quatro anos — um crescimento de 474%.
O kit, que integra o Auxílio-Natalidade, inclui itens essenciais para o recém-nascido e é entregue nas unidades do CRAS sem necessidade de agendamento. Além disso, o programa prevê um repasse de R$ 200 por filho nascido, o que ajuda nas primeiras despesas, normalmente urgentes, enfrentadas pelas mães.
“O que vemos é um esforço para atender, de forma integrada, às necessidades dessas famílias, que historicamente foram negligenciadas. O foco está em garantir acesso à alimentação, ao básico do enxoval, à educação e à creche”, explica Marra, referindo-se a iniciativas como o Cartão Creche e o Cartão Material Escolar, mantidos em parceria com a Secretaria de Educação.
Os dados revelam o impacto dessas ações, mas também evidenciam a urgência em ampliar a rede de apoio. Em tempos de alta no custo de vida e informalidade crescente, as mães solo seguem sustentando lares inteiros — muitas vezes invisíveis ao olhar econômico, mas centrais para o funcionamento social das comunidades.
Mais do que uma homenagem pontual no Dia das Mães, o reconhecimento a essas mulheres passa por políticas consistentes, bem geridas e adaptadas à realidade. No Distrito Federal, o caminho tem sido pavimentado por números, mas precisa ser mantido com sensibilidade, escuta e prioridade.
*Com informações da Secretaria de Desenvolvimento Social do Distrito Federal (Sedes-DF)